Parecia mais uma manhã, como tantas outras. O sol começava a me incomodar já às onze horas. Início de outubro em Salvador. Eu queria encontrar logo uma sombra. Refrescar-me do calor. Adiantei os passos, para atravessar um cruzamento. Os motoristas dirigiam apressados. Pouca atenção dando a nós, pedestres. Tive de esperar longos segundos. Atravessei temeroso, olhando pros lados. Finalmente, cheguei à outra calçada, onde havia um ponto de ônibus. Distraído com minhas preocupações do dia a dia, nem dei atenção a uma mulher, que estendeu a mão. Mas aí notei que ela me oferecia um folheto. Aceitei e segui adiante.
Eu queria encontrar logo uma sombra. Refrescar-me do calor. Adiantei os passos, para atravessar um cruzamento.
Gosto de receber esses folhetos. Trazem mensagens evangélicas com as palavras do Senhor. Leio, porque muitas vezes me se sinto cansado. Sim, me sinto cansado com essa vida atribulada. Pouco tempo pra tudo. Mil e uma aflições. Interessado pela leitura, costumo passar os olhos por suas linhas de letras miúdas, em busca de uma palavra consoladora. Uma palavra que reanime minhas forças. Recarregue o meu ser com energia e esperança. Geralmente ela está lá, apenas aguardando para ser lida. E nesse dia corriqueiro, dentre tantos outros dias, encontrei uma mensagem que me tocou de forma especial.
Nela, havia uma citação de Isaías 50.10, dizendo o seguinte. “Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor e firme-se sobre o seu Deus”. Imagino quantas pessoas também receberam aquele folheto. Certamente, uma multidão. Algumas leram. Outras, não. Algumas guardaram com cuidado. Outras amarrotaram, lançando na calçada. Mas, para mim, fez uma grande diferença. Foi o ponto de partida para uma valiosa reflexão. Um novo e libertador olhar sobre minha condição. Os meus temores, minhas angústias e preocupações tinham adquirido uma dimensão exagerada. A tal ponto que estavam me transformando em um escravo. E tudo por eu não ter sempre em mente que estamos entregues nas mãos de Jesus. A nossa alegria e a nossa tristeza. A nossa vida e a nossa morte. Tudo depende Dele. Podemos até nos sentir muito prepotentes. Donos do nosso destino. Porém, basta uma casca de banana no meio do caminho. Um escorregão e... O mais ilustre dos homens, o mais famoso, o mais forte, o mais temido, todos se defrontam com a impiedosa morte. E têm o mesmo destino que uma microscópica bactéria. No final das contas, “tudo é vaidade”, como declara Eclesiastes 2.17. Mas a fé em que o universo está nas mãos de Deus. Desde o cair de uma folha ao nascimento de uma galáxia. Isso nos dá o verdadeiro caminho para a plena serenidade de espírito. A certeza de que nossas preocupações não devem ocupar lugar de destaque nas nossas vidas. Pois há um Deus, Todo Poderoso, que nos ama. E mesmo depois de mortos, para a vida eterna, é nEle em que devemos confiar.
A Paz do Senhor
Rutinaldo Miranda B. Júnior
Foto: Savio Sebastian
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